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Sociedade

A Igreja como Refúgio e Voz Profética pela Proteção da Infância

O mês de maio chegou, e com ele uma causa que clama por atenção, compaixão e ação: o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Maio Laranja não é apenas uma campanha. É um grito por justiça. É um chamado à Igreja para ser não apenas templo, mas também abrigo. Não apenas lugar de culto, mas voz profética em defesa daqueles que não têm voz.

Desde 2000, o dia 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. Um dado relembra o caso brutal da menina Araceli, vítima de um crime bárbaro que, ainda hoje, ecoa como alerta para o Brasil inteiro. A dor dessa tragédia se converteu em mobilização nacional, e a Igreja não pode se calar.

A realidade é alarmante. Em 2022, o Brasil registrou 62.091 notificações de violência sexual, sendo que mais de 45 mil tinham como vítimas pessoas com menos de 19 anos, representando 73,8% dos casos. A maioria das vítimas são meninas, correspondendo a 87,7% dos casos. Na Ilha de Marajó (PA), uma das regiões mais vulneráveis, 550 processos foram abertos em 2022 por crimes de crimes contra crianças e adolescentes — a maioria por violação de vulnerabilidade. A taxa chega a ser mais que o dobro da média nacional.

Infelizmente, a violência sexual também ocorre dentro de ambientes religiosos. Entre 2016 e 2018, o Disque 100 registrou 167 denúncias de violação sexual praticada por líderes religiosos no Brasil. Além disso, a maioria dos casos de abuso contra crianças e adolescentes envolve pessoas próximas e de confiança, como familiares, amigos próximos e líderes religiosos.

Diante desse cenário, é essencial saber como o abuso acontece — e como identificá-lo. Veja abaixo:

Formas de Abuso Sexual Infantil

  • Abuso sexual direto: contato físico com intenção sexual (toques, carícias, beijos forçados, estupro).
  • Abuso sexual indireto: exposição da criança a atos sexuais, pornografia ou linguagem sexual explícita.
  • Exploração sexual: uso da criança ou adolescente para fins comerciais ou lucrativos, como prostituição ou pornografia.
  • Abuso institucional: ocorre quando uma denúncia é ignorada ou mal conduzida por órgãos públicos, escolas ou até mesmo igrejas.

Sinais de Alerta (físicos, emocionais e comportamentais)

  • Mudanças bruscas de comportamento (isolamento, agressividade, tristeza excessiva).
  • Medo arrependido de pessoas ou lugares.
  • Pesadelos frequentes ou dificuldades para dormir.
  • Conhecimento sexual inapropriado para a idade.
  • Dificuldade de locomoção, dor ou sangramento sem explicação.
  • Baixo rendimento escolar ou recusa em ir à escola.
  • Desenhos com conteúdo sexualizado.

A Igreja Metodista Wesleyana, com sua missão de proclamar o evangelho de forma integral, se posiciona firmemente na luta pela proteção da infância. Falar sobre abuso ainda é tabu em muitos lugares — inclusive dentro da igreja —, mas é tempo de romper o silêncio. A missão não combina com o evangelho. Jesus foi claro: “Deixai vir a mim os pequeninos”, e a sua indignação com quem os escandaliza nos lembra da gravidade do tema.

Por isso, neste mês, nossas lojas locais estão sendo desafiadas a agir. Que os púlpitos sejam locais de denúncia e conscientização. Que os pequenos grupos orem, conversem e se preparem para acolher. Que pais e líderes sejam capacitados para identificar sinais e proteger os mais vulneráveis. Que as crianças encontrem em nós um lugar seguro.

Denunciar é um ato de amor. Cuidar é parte do discipulado. Proteger é missão da Igreja.

Que este Maio Laranja não passa em branco. Que a luz da verdade brilhe, que os lares sejam restaurados, que os traumas sejam curados e que a Igreja de Cristo se levante como um farol de esperança. Porque cuidar das crianças é cuidar do futuro. É viver o evangelho na sua forma mais pura.

 

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