| Oração e Política


"Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (I Timóteo 2. 1-4)

O apóstolo Paulo começa nos exortando neste texto que "antes de tudo, oremos". Oração e política tem muita coisa em comum, mas antes da política vem a oração. Orar pelos governantes e pelo Estado são recomendações de toda a Bíblia. Nas Escrituras percebemos o poder e a influência da oração sobre os governos os governantes e os rumos da história. Aliás a oração muda, transforma e faz história.

Israel orou e Deus os libertou da escravidão do Egito, Daniel orou o tempo todo na Babilônia e manteve-se no poder a favor de seu povo, Ester convocou um jejum e o povo de Deus foi poupado, cristãos oraram e a cortina de ferro caiu na antiga União Soviética, nos países do leste europeu, enfim, são muitos os relatos.

A TENSÃO ENTRE SER CIDADÃO DO CÉU E CIDADÃO DA TERRA                          

Mesmo que Filipenses 3.20 assevere que "a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo", não podemos perder a consciência de nossa cidadania brasileira. Afinal, cidadãos do céus ainda estão na terra para clamar pelo reino de Deus, a oração de um cidadão do céu não é outra senão esta: "Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu".

Sendo assim, o cristão cidadão do céu tem o dever de ser um bom cidadão na terra. Viver de forma coerente com sua oração. Exercer plenamente sua cidadania e seus direitos políticos. Como cidadãos do céu somos chamados a influenciar a vida e a política. Orar sim, sempre, mas profetizar, testemunhar e ser agente de transformação histórica, fazem parte dessa missão e da coerência.

Nosso texto de Paulo cria claramente uma forte conexão entre nossas orações por autoridades e governos com nossa tranquilidade, com a paz da cidade e da sociedade. Todavia a vida sossegada que se busca nessa oração é em toda a "piedade e honestidade". Isso compromete nossa oração com a ética e integridade. O texto não nos ensina a orar pela manutenção de governos corruptos, violentos ou materialistas. Mas por governos que honrem a piedade e a honestidade. Não é oração para sacralizar a propina, o mensalão, o nepotismo e coisas do tipo.

PROCUREI DENTRE ELES, MAS A NINGUÉM ACHEI...

"E busquei dentre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho lhes recaísse sobre a cabeça, diz o Senhor Deus" (Ezequiel 22.30, 31)

A necessidade da oração e especialmente da oração intercessora, salta nas páginas do Livro Santo. Em 2 Crônicas 7.14 o Senhor promete: "sararei a terra", se tão somente seu povo se humilhar, se converter e orar.

Oremos por nossa nação. Oremos por nossos governos e governantes, mas sem esquecer que somos cidadãos da terra, do Brasil, da cidade. Sendo assim, orando e salgando, intercedendo e brilhando, clamando mas também denunciando, retomemos nossa posição de povo profético que antes de chegar ao céu tem o dever de deixar como rastro de luz, uma "linha de esplendor sem fim".

 

Bispo Anderson Caleb Soares de Almeida é superintendente da 1ª Região Eclesiástica

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