Bispo José Damião | Salomão e o país da corrupção


Primeiramente, permita-me dizer que nós, cristãos, enquanto vivemos como peregrinos nesta terra, temos o dever de nos enquadrar nas leis que regem a nação e cumpri-las. Os deveres civis se aplicam a todos os cidadãos, independente de sua cor, religião ou situação financeira. A Palavra do nosso Deus nos orienta a sermos bons cidadãos, cumpridores das normas instituídas pelos governos. Mesmo aqueles governantes não cristãos.

Voltemos à visita de Salomão ao país da corrupção e da impunidade.

Salomão, qual a sua impressão sobre os nossos governantes? “Eu olho para estes governantes maus que tem feito muitas coisas más ao povo, e quando chega o tempo dos seus funerais, eles são honrados na mesma cidade onde praticaram todo tipo de maldade”. Existe algo que mais nos revolte do que ver a perversidade respeitada e recebendo a bênção da religião? Lembrem-se do que já disse: “Quando os justos governam, o povo prospera, mas quando os ímpios governam, o povo sofre” (Provérbios 29.2). 

Salomão, qual a sua avaliação sobre a justiça brasileira? O Brasil é certamente um dos países mais injustos do planeta. É um dos poucos lugares onde as mesmas pessoas presas pela polícia e condenadas pela justiça têm a oportunidade de continuar livres e praticar os mesmos crimes. E mais, “vejo injustos morrerem tranquilos e descansarem em paz dentro de belíssimos mausoléus, enquanto os pobres que se mantêm na prática da justiça são completamente esquecidos na comunidade”. Isso é extremamente injusto. Quando os crimes não são castigados logo, o coração do homem se enche de planos na prática do mal (Eclesiastes 8.10-12, NVI). A lentidão excessiva no julgamento oferece ao criminoso mais liberdade do que “merece”. Declarar que um culpado é inocente é um problema tão grande quanto declarar que um inocente é culpado. O resultado disso é o aumento alarmante da criminalidade em todos os segmentos da sociedade.

Salomão, como você analisa a questão da impunidade em nosso país? A impunidade é uma maldição para uma nação. A certeza da impunidade destrói um país. Já falei sobre isso em meus escritos chamados “provérbios”: "Quem disser ao ímpio: 'Você é justo', será amaldiçoado pelos povos e sofrerá a indignação das nações. Mas os que condenam o culpado terão vida agradável; receberão grandes bênçãos." (Provérbios 24.24-25). O uso indevido da máquina administrativa, redes de clientelas criada para alimentar a corrupção e tantas outras mazelas configuram uma sensação de mal-estar coletivo, em que sempre olhamos de modo muito cético os rumos que a justiça, no Brasil, tem tomado. Além da sucessão de escândalos no Brasil, existe a sensação de impotência por parte da sociedade; a corrupção é tolerada e os cidadãos ficam apenas aguardando qual será o próximo escândalo que circulará nos jornais.

Salomão, que conselhos você gostaria de deixar para o povo brasileiro? Precisamos mudar esta situação. O Brasil precisa de justiça. Os crimes precisam ser punidos em todas as esferas. Sejam infrações de trânsito, sonegação fiscal, pequenos furtos, suborno, corrupção ativa ou passiva, seja o que for... Não podemos mais nos conformar com a crescente onda de corrupção e impunidade, não é possível ser tão indiferentes. Se quisermos ter uma vida agradável e receber grandes bênçãos, temos que condenar tais práticas e exigir punição exemplar aos infratores.

Diante de tantas injustiças e impunidades vemos o desespero dos brasileiros apelando para a justiça divina e outros até afirmando, “a justiça do homem é falha, mas a de Deus é perfeita”. Deus não admite tal prática, ele pune todos os transgressores. Lembrem-se de Davi, meu pai, msmo sendo rei, escolhido por Deus para governar a nação de Israel, cometeu grave pecado, adultério e assassinato, Deus o puniu severamente. A Bíblia diz: “De Deus não se zomba o que o homem semear ele colherá”. (Gálatas 6.7)

Bispo José Damião é superintendente da 7ª Região Eclesiástica

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