| Riscos do avivamento prolongado


O avivamento espiritual de ênfase pentecostal da década de 60 trouxe vida e crescimento à igreja histórica. Alguns desses movimentos se tornaram estruturas denominacionais, o que não foi ruim. Deus é Deus de ordem, e as estruturas podem servir aos movimentos do Espírito. Entretanto se não vigiarmos corremos alguns riscos de perdermos a glória de Deus, mas continuar usando o véu.

Alguns riscos e perigos que ameaçam o departamento wesleyano de 67:


1. O risco do comodismo: alguns dizem “vejam aonde chegamos!”, “Que bênção”, “se melhorar, estraga”, “vamos fazer uma tenda e ficar por aqui mesmo”. Mas o despertar de 67 foi só o começo e não o fim! Esperemos mais de Deus! Ele é poderoso para fazer “infinitamente mais” (Efésios 3.20).

2. O risco do saudosismo: “No início, Deus falava”, “no passado, Deus agia" etc. Já ouviu isso? Eu já. Esse discurso saudosista pra mim é uma forma de entristecer o Espírito Santo. Porventura, o Espírito do Senhor envelheceu? Cansou?

Boas lembranças sim! Legado histórico, sim, idolatria ao passado, não! Ele é o mesmo hoje, e existem milhares de joelhos que não se dobraram a Baal. Deus está agindo hoje em nossa igreja, mas alguns não querem ver. Todavia tudo pode ficar sempre melhor (Filipenses 1.6). O fato é que alguns se contentam com pouco e outros vivem só da história.

3. O risco do engessamento litúrgico e metodológico: trata-se daquele discurso que diz: “sempre foi feito assim”, “há 51 anos fazemos desse jeito” etc. Concordo que existem métodos e liturgias bíblicas que são quase intocáveis, mas existem muitos métodos, estratégias e costumes que precisam ser contextualizados. A abordagem de Pedro aos Judeus em Atos 2 não poderia ser a mesma abordagem de Paulo no areópago.

Enfim, deve haver lugar para o novo de Deus, mas não a novidade pela novidade.

4. O risco do pedantismo e da arrogância: sim alguns grupos bem sucedidos que se mantêm em ascensão no universo eclesiológico correm o risco de se tornarem pedantes, orgulhosos e fechados ao aprendizado. O tempo pode fechar nossos ouvidos espirituais, vejam esse texto:

“Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar” (Eclesiastes 4.13)

5. Por outro lado, o risco de uma baixa estima institucional também é possívelSim, porque depois de algum tempo alguns irmãos e líderes acabam se acostumando com a excelência e perdem a perplexidade perante o sagrado, o “sagrado nosso” de toda semana. Quando isso acontece a “grama do vizinho” parece mais verde do que a nossa. Todavia a reunião, o culto mais simples e menos sofisticado, que conta com a Presença Santa, jamais é uma “simples” reunião, é um evento único.

É claro que a Igreja de Cristo é um corpo vivo, e ela esta na denominação apesar de não ser uma denominação, ela é maior. Por isso, não permitamos que o tempo nos engesse, nos torne arrogantes e nem esfrie nossa paixão pela Igreja. Estrutura e vida não precisam ser coisas antagônicas.


Enfim: vigiando esses riscos e deixando o Espírito Santo nos reinventar a cada geração; vivendo em santidade e poder seremos sempre relevantes e atuais; dialogando com as necessidades humanas de todas as gerações. Não sem perseguições, é claro.

Bispo Anderson Caleb é superintendente da 1ª Região Eclesiástica

 

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